sábado, 24 de setembro de 2011

PF teme aliança entre tráfico mineiro e morros cariocas

PF teme aliança entre tráfico mineiro e morros cariocas

A rota do comércio de drogas no Brasil vem mudando de direção e Minas enfrenta a ameaça de pagar caro por isso. Conhecido pela organização de facções criminosas e pela profissionalização da venda de entorpecentes, o tráfico dos morros cariocas vem sendo obrigado a enfrentar a ocupação das comunidades, por meio das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), o que pode obrigar criminosos e usuários a buscar mercados fornecedores alternativos. O chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal, delegado João Geraldo, adverte que Minas pode contribuir com o abastecimento de drogas do Rio de Janeiro, principalmente as sintéticas, como LSD e ecstasy.
Com a dificuldade em obter drogas, os “comerciantes” tendem a buscar novos mercados para não perder o lucro. Sem poder comprar de rivais, a solução é tentar se abastecer em favelas de facções criminosas aliadas em outros estados. Uma possibilidade que já começa a se concretizar e que preocupa a PF. Segundo o policial federal, um traficante preso recentemente admitiu que, diante dos problemas para em subir os morros cariocas para conseguir drogas sintéticas, optou por buscá-las em Belo Horizonte para levar para o Rio. “Os criminosos vão migrar para Minas e Paraná. O receio maior é por Juiz de Fora”, diz o delegado, referindo-se à proximidade da cidade da Zona da Mata com o litoral fluminense.

Em Minas, desde o início do ano, a polícia retirou de circulação mais de R$ 15 milhões em drogas, se somada a ação da PF e da Polícia Rodoviária Federal e as quatro maiores ocorrências envolvendo a Polícia Militar. Em valores, a maior apreensão ocorreu em Divinópolis, há pouco mais de um mês, durante operação da Polícia Federal na cidade da região Centro-Oeste. Cinco traficantes foram presos com 60 quilos de pasta-base e R$ 28 mil em dinheiro. Cálculos de especialistas mostram que a matéria prima poderia ser transformada, em laboratórios de refino, em 600 quilos da droga, consideradas as misturas com produtos químicos. Depois de todo o processo, a revenda da substância poderia render R$ 6 milhões.

Classe média

Tanto quanto o aumento do tráfico de drogas e a possível aliança entre traficantes cariocas e mineiros, o que vem preocupando a polícia é a inserção de entorpecentes na classe média. O aumento se dá principalmente no consumo das chamadas drogas sintéticas, como LSD e ecstasy. Inclusive, os comprimidos de ecstasy, antes produzidos exclusivamente na Europa, passaram a ser fabricados no Brasil. Traficantes internacionais embarcam para o Velho Mundo com cargas de cocaína e, lá, trocam o pó sul-americano pela substância MDMA (metilenodioximetanfetamina) – matéria-prima do ecstasy. Não bastasse o consumo dos comprimidos, sua base também tem sido vendida em festas e casas noturnas

Nenhum comentário:

Postar um comentário